quinta-feira, 23 de julho de 2009

Fight!

Lá estava eu preparada para tudo. Peito aberto, cabelo ao vento e uma segurança colossal. Linda paisagem, céu azul e longos campos verdes. Bravo!

Com o coração na boca, tudo o que eu não conseguia era pensar. Fui levada por um movimento alheio a razão. Uma espécie de barco a deriva, meu corpo seguia no ritmo das pulsações involuntárias.

Ainda entretida com o movimento intrépido de minhas pernas, avistei um corpo rolando em minha direção. Senti medo, mas não recuei. Aquele objeto não identificado estava cada vez mais próximo e vinha numa velocidade que não me permitia pensar muito. Eis que reúno todas as minhas forças e contrariando as leis da gravidade, salto sobre o inimigo e consigo seguir adiante. Continuo o percurso um pouco assustada e com uma ponta latejante de orgulho, afinal não fui vencida tão facilmente.

Sem passar muito tempo, logo surgiram mais e mais situações que me exigiam superação. Dei cambalhotas, fiz estrelas, adquiri poderes dignos de um mutante.

Estava cansada, machucada, com sede e eis que avisto um lago. Ele se abre para mim, mas de suas águas emerge uma criatura faminta, querendo me engolir. Na ponta dos seus caninos havia um tesouro. Esgotada, consigo ainda, arriscando todos os meus limites, pegar o ouro. Ao tocá-lo me senti renovada, com uma vitalidade inexplicável. Forte e revigorada, segui adiante,no entanto a energia se esvaía rápido e as situações com as quais me deparava, distanciavam-se cada vez mais do humano.

Em pandarecos abri os olhos e desejei ir embora daquele cenário. Era o inferno? Não quis superar mais nada. A percepção de tempo estava completamente alterada. Tinha medo do próximo desafio, que decerto viria, mas eu não sabia se algo cairia do céu, se o chão iria me engolir ou se eu seria flechada por um aborígene. Não me arrisquei mais por nenhuma oferta reluzente que invariavelmente estava atrelada a um risco cada vez mais difícil e menos atraente, portanto.

Game over! Nessa hora um contador me creditou míseros pontos incompreensíveis. Saio da tela para viver fora de uma partida de Pitfal. Jogos assim não foram feitos para pessoas reais. Divertido é ver o bonequinho lá, se fudendo. Estar lá, no lugar dele, eu não aconselho a ninguém!