quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O zelo e o falo

O homem é o falo e a mulher é o zelo.

O homem vive mais a sua liberdade desde cedo. Tudo bem mais descomplicado e centralizado em seu pênis. O pau que ganha o mundo, sem culpa e curioso, desbravando, abrindo caminhos. O falo não tem culpa. Lavou, tá novo. O zelo tem a ver com a lua, cíclico, confuso e cheio dos significados que complicam tudo.

Não é a toa que Freud afirmou que meninas invejam o pênis. A ignorância geral discutiu, discordou desse conceito. Por Deus, mulheres não querem ter um pau. Se me aparecesse um no meio das pernas, seria um elefante branco. Mulheres querem essa simplicidade, tudo pra fora, explícito, sem tanto mistério e culpas. O falo é, portanto, o poder sem tanta dor de cabeça, sem tantas revoluções internas, sem leite nas tetas e criança no ventre.

O falo é Marte, o zelo é Vênus.

O falo é o guerreiro, o instinto. O zelo é o inexplicável, o terreno fértil da emoção, a maternidade.

O zelo é intrínseco, como os ovários. Tem fases fecundas, cistos, oscilações hormonais.

O falo é óbvio, o zelo sangra. Um jorra e outro gera.

O falo faz, o zelo pondera. Um quer resolver e outro quer ser ouvido.

O falo se distrai, o zelo observa. Um quer se isolar, o outro critica.

O falo quer ser admirado, o zelo precisa ser amado.

O falo precisa da diversidade, o zelo sonha com a fidelidade.

O falo é mais raso, o zelo é complexo.

O falo é consciente, o zelo é sonho.

O falo é um carro, o Zelo um vaso. Um quer velocidade, o outro quer ser preenchido.

O falo é um grito, o zelo é diálogo.

O falo é cachorro, o zelo é gato.

O falo é uma flecha, o zelo é caminhada. Um segue em linha reta, o outro sonha com possibilidades.

Seria muito mais simples, desde sempre, ter o poder de experimentar tudo e ser legitimado pelo mundo. Eis que a fêmea queimou os sutiãs, brigou com a família, sentiu tanta culpa e seguiu rumo ao casamento e a maternidade. Como se fosse pouco, foi inserida no mercado de trabalho e sem o falo, trabalha dobrado e ás vezes chora no expediente ou se apaixona pelo cara errado.

Viva a deusa Vênus, com seus poderes infinitos, mas sê-la encarnada não é fácil.. Assim, se pesquisa e se especula o universo zeloso, do amor-cuidado, que sem dúvida é imensamente mais rico e é dele que vem a vida. Ponto.

O zelo e o falo podem ser complementares, mas é preciso que se fundam em doses saudáveis e individualmente. Essa é a problemática do mundo, que hoje ruma para a solidão dos fatos mesmo sabendo que o zelo quer sempre cobrir o falo e ele, ser amado e seduzido pelo zelo.

2 comentários:

Unknown disse...

Tou aqui numa correria, nao deu para ler nada. Mas, tive q postar esse link antes q me esquecesse. It's a gift.

Ana Paula Rezende disse...

Lindo!
Apenas nós, com nossos nós podemos compreender o significado desse texto.
E tb dos pretextos em ser zelo....
Já te disse o qto esse texto mexeu comigo....meu lado lunar reconhece essas palavras e essa complexidade e essa absurda solidão de ser tão complexa, tão profunda, tão cíclica...beijos!