quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Zonas úmidas e um pouquinho de cartas de amor

Acabei de ler “Zonas úmidas, primeiro romance da escritora francesa Charlotte Roche. Logo em cima do título, em caixa alta lê-se “Mais de um milhão de exemplares vendidos.” Ótimo apelo. Peguei o livro vermelho na estante, sentei no anexo da livraria e já sabia que se não tivesse um texto bem impactante, não me prenderia à leitura. Não agora que ando ansiosa até os ossos , sem paciência com quase nenhum conteúdo. Acho que não estou numa fase muito curiosa, digamos assim.

Voltando ao tema, correndo os olhos pelas primeiras páginas, fiquei um pouco surpresa e logo fiquei animada pois parecia ter encontrado meu passatempo noturno para esses dias acelerados.

O tema central é sexo e só mesmo ele pra vender tanto livro de autoria estreante. Nem é sexo romântico ou qualquer coisa parecida com isso. A narrativa é de uma jovem que está em busca de prazeres carnais e aparentemente sem nenhuma culpa. A crítica do New York Times diz: “É preciso estômago forte para ler este livro”. Lançado o desafio, me juntei a um milhão de colegas também curiosíssimos.

Confesso que em alguns trechos fiquei um pouco surpresa, mas quase nada me deixou atônita e muito menos excitada. Pra ser bem sincera, achei triste a história. Muita solidão como pano de fundo, e isso sempre me incomoda. A verdade é que o livro não me chocou, tampouco me ameaçou um vômito. Tem trechos nitidamente demasiados, com carga excessiva de detalhes sórdidos, o que perde um pouco a graça. Me pega muito mais o sutil que o escancarado. E é bem isso o tempo todo. Feridas abertas, vaginas raspadas, um pouco de sujeira, de bissexualismo, dor e solidão, repito, e de tudo ali explicitado foi o que de fato me incomodou.

De qualquer forma acho que vale a pena essa história, que foi desacreditada por muitas editoras. Eis que está vendendo horrores e servindo de estímulo à leitura para muitos desinteressados ou por super ansiosos passageiros como eu. As feministas estão adorando a obra, vale ressaltar.

No mesmo dia que o comprei, estava com um exemplar de “Mil cartas de amor”...acho que o nome é esse. Achei fantástico o tema, pois reúne cartas verídicas de amor de personagens de todos os tempos. Sexo e amor são mesmo atemporais. Como o fazemos e vivemos é que muda um pouquinho ou será que sempre foi confuso e ás vezes dissonante? Será que a variação é só na linguagem ou o mundo está mudando os nossos sentimentos? Por fim, há a hipótese de ser absolutamente pessoal seu significado ou ainda sermos fruto da cultura que vivemos. Mas eu sempre digo que sexo, amor e estômago estão num nível complexo de entendimento. Instintivo , emocional ou genético, poucos explicam. O que sabemos é que são forças extremas. Melhor vivê-los.

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