sábado, 15 de agosto de 2009

Equivocada

Eu sou tímida, enrubesço à bessa, à toa.

Dou bom dia, boa tarde, peço licença e desculpas quando erro.

Quando à vontade, conto piadas, casos, encho o saco.

Azucrino meus amigos, implico, brinco, descontraio.

Levo todo mundo a sério, quando não levo pra casa.

É um paradoxo ser impulsiva frente ao fato de ser contida em tanto.

Devo ser do time dos apostadores de plantão. Vivo repondo as fichas.

Sou também distraída, ando rápido, não vejo os conhecidos na rua.

Acredito piamente no que me dizem. Se depois descubro a mentira, é sempre um desalento.

Sou simples depois do meio dia. Sou complexa quando há tempo.

Não falo para muitos, prefiro aos pares. Sou tímida, repito, mas vergonha é outra coisa.

Equivocada, eu achava que o pior era me apresentar.

Chegar em casas estranhas, cheias de gente.

Começar a dançar quando ninguém ainda ousava.

Mostrar uma idéia sem ter a mínima noção ser ela interessante,válida.

Era conter a decepção ao abrir um presente frustrante.

A primeira reunião com um cliente importante.

Esquecer o aniversário de um amigo, a carteira em casa, o absorvente em cima da mesa.

Colocar um biquini depois de longo inverno.

Ser surpreendida pelo comentário cruel de uma criança.

Escorregar no centro da cidade.

Cair no meio das bostas de gado, entrando pelos fundos para não pagar entrada ( já aconteceu comigo mesmo!)

Era esquecer de pagar o lanche,

a hora do parabéns pra você,

de escolher o primeiro pedaço de bolo,

a primeira transa,

mostrar os peitos,

comprar camisinha, etc

Que nada! Eu estava enganada!

Vergonha mesmo é responder uma mensagem errada.

É perceber que estava numa linha cruzada.

É participar de um diálogo por tabela e só no dia seguinte receber a porrada.

É ter que seguir com essa no salto.

Sabe aquele tchauzinho que você corresponde, mas era para a menina do lado?

É tipo isso, só que elevado ao quadrado.