terça-feira, 8 de setembro de 2009

Por sabê-la

E eu azul. E eu desejo de amarelo. Amarelo sol. Amarelo ouro. Amarelo flor. Amarelo sorte.


Não dá pra negar nossa natureza. Podemos abafar um tempo, permanecer na pressão, mas eis que emerge de cara feia a essência que deixamos de lado em prol do bom andamento das coisas.

Essa chama interna, pessoal e intransferível, é quase outra alma, mais rústica, menos civilizada. Ela causa tantas vezes desconforto, simplesmente por se sabê-la e sobretudo por se negá-la.

Quando cai a ficha que ficamos passeando tempo demais longe dessa parte, que nos reparte, acaba por nos aliviar o peito que a essa altura se comprime e nenhum comprimido mais faz efeito.

Aí a gente se dá conta que precisa rir muito mais, resistir muito menos. Que ás vezes não é simplesmente possível oferecer um sorriso e é pra isso que existem os feriados, férias e mudanças de rota. Começa a incomodar mais as faturas, o excesso de boletos, as cobranças, a cara do porteiro, a falta de respostas, de entendimento. Quando chega esse ponto, o corpo quase está doente porque os pés querem correr, mas estavam numa espécie de corrente.

Será que é com a primavera que chega também essa impaciência? Será que é junto com ela que floresce na gente essa imperiosa necessidade de ampliar horizontes? Pode ser.

Tem uma árvore aqui pertinho que é mágica pura. Apenas por alguns parcos dias ela se acende de mil flores amarelas e atrai o olhar dos distraídos. Falo dela porque acho que somos tão parecidos com essa natureza, que por quase todo o ano cumpre suas funções esperadas, mas em alguns dias, semanas ou meses, precisa florescer e encantar. E acho que quando a gente se permite esse “desvio”, essa beleza genuína de desabrochar desejos, desabotoar fechos, todo o resto é inundado desse prazer, como se fosse um combustível, uma reserva para o próximo inverno.

Meu tanque está ficando vazio. Já vejo a luz amarela acender. Ela não se parece com a flor que admiro, mas tem a mesma cor, só pra me dizer em mensagem subliminar que está chegando a hora de abastecer minha alma e eu por enquanto só digo, como o Zeca Baleiro, calma alma minha, calminha...ainda não é hora de partir.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como você é bonita...